lunes, 31 de enero de 2011

Participando do ELAOPA - Encuentro Latiamericano de las Organizaciones Populares Autonomas

O Encontro Latinoamericano das Organizações Populares Autônomas foi realizado entre os dias 22 e 24 de janeiro de 2011, no Centro de Formação Cidade Campo do MST, na cidade de Jarinú, interior paulista. O espaço foi cedido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e geralmente é utilizado para encontros deste tipo do MST, ou de outras organizações afins. No lugar, vivem algumas famílias ligadas ao movimento, que cultivam uvas para a produção de vinho orgânico.

O ELAOPA reúne diversas organizações sociais baseadas na luta de classes e na identidade dos povos originais da América Latina. Como encontro, se fundamenta nos seguintes princípios: democracia de base, solidariedade de classe, luta popular e autonomia dos oprimidos e dos povos originários. Articulando experiências e práticas políticas em diferentes contextos, o ELAOPA é realizado anualmente (este foi o IX) e visa a construção do Poder Popular. Alguns cantos que coletei no decorrer de evento expressam seus princípios: Criar, criar, Poder Popular; Se escucha, se escucha, arriba los que lucha; Alerta alerta, alerta que caminha, construir o ELAOPA NA América Latina.

O encontro contou com a presença de diversas organizações de perfil autônomo, que quer dizer essencialmente que não possuem vínculos com instituições governamentais, partidárias, religiosas, empresariais, e/ou ONGs. Pessoas do Brasil e do mundo estavam presentes, buscando com o encontro firmar articulações e conhecer realidades e práticas de outros locais. Do Brasil, gente do Recife, Maceió, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Porto Alegre, além de muitas outras localidades das quais não pude recordar agora.

Do mundo, além do Brasil, pessoas do Chile, Costa Rica, Haiti, Uruguai, Áustria e Argentina. Senti falta de representantes de outros países que com certeza contribuiriam muito no debate, como Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela, Paraguai, além da América Central e México. Pela localização do encontro as organizações destes países tiveram dificuldade para chegar ao evento. Mesmo quem veio de longe não foi em grande número e por isso ressaltavam o caráter representativo (e portanto minoritário) de sua participação no ELAOPA.

O perfil dos participantes foi diverso, desde organizações urbanas como o MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados) do Rio de Janeiro, ou a Casa Lagartixa Preta do ABC Paulista, até organizações com trabalho efetivo no campo, como o MST e o movimento Tierra y Libertad de Buenos Aires, Argentina, citando apenas alguns exemplos.

Os pontos de vista políticos não necessariamente convergentes expostos na diversidade dos participantes, foram colocados em prol de uma articulação comum em diversos setores de ação, o que ressalta a responsabilidade e o compromisso destas organizações com as práticas discutidas.

O encontro foi dividido em comissões temáticas e as discussões se iniciaram a partir de um texto disparador: Comunitária; Cultura e Comunicação; Educação; Estudantil; Gênero, Raça e Etnia; Questão agrária e Ecologia; Sindical.

Eu, como membro do TerrAL, interessado em me inteirar das perspectivas dos movimentos populares rurais que lidam diretamente com as questões de Autonomia, Identidade e Territorialidade, participei da comissão Questão Agrária e Ecologia.

Em todas estas comissões, além da exposição da experiência dos participantes, o tema central a ser discutido, que inclusive foi o tema dos encontros anteriores, foi o Plano IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana) e o papel de resistência dos Movimentos Populares.

Pensando neste sentido, explanarei o que foi discutido na comissão em que participei utilizando como tema central o IIRSA. Vou expor desta forma, pois para mim me parece mais contundente, uma vez que todas as articulações giraram em tono deste tema, não cabendo neste espaço detalhar mais especificamente cada ponto discutido.


Sobre o IIRSA


O Plano IIRSA é a Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana e trata-se de um programa firmado em 2000 pelos 12 países da América do Sul. Tem como proposta oficial, integrar os setores de Comunicação, Energia e Transporte do continente. A iniciativa é financiada pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento (como sede em Washington), pela CAF - Corporação Andina de Fomento e pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e visa a articulação da competitividade regional abrindo a economia para os mercados mundiais. É, portanto, uma iniciativa de fundo estritamente neoliberal. A enorme quantidade de projetos de construção de portos no continente, demonstra que as propostas do Plano implicam diretamente no escoamento de matéria-prima e produtos para outros países do mundo, que já degradaram seu potencial produtivo em termos de matéria-prima, como é o caso dos EUA e muitos países da Europa.

No site do IIRSA é possível ver os mapas geográficos dos 524 projetos estabelecidos pela iniciativa a serem implantados até 2011. Em 2010, foi firmado um novo acordo que prolonga a iniciativa por mais 10 anos. Nestes projetos, que significam construções nas áreas de transportes (rodoviário, portuário, aeroportuário, hidroviário, etc), energia (oleodutos, gasodutos, redes de energia elétrica) e logística (quebra de barreiras aduaneiras, telecomunicações, mercados de serviço de logística – fretes, seguros, armazenagem, etc), uma característica marcante é que a maior parte da verba destinada à sua efetivação é pública, mais exatamente U$ 46 Bi do total (U$ 96 Bi). O próprio fato do BNDES (um órgão estatal) estar assumindo boa parte da iniciativa demonstra esta característica. Fundamental ressaltar o papel do Brasil enquanto “líder” do IIRSA, articulando propostas e investindo capital público e privado em territórios hermanos. Cultivando uma política de “Boa Vizinhança”, não é por acaso a escolha do Brasil para sede das Olimpíadas (2016) e a Copa do Mundo (2014).

Ao pesquisar sobre o IIRSA, pode-se dar conta de que muitas ações governamentais atuais estão de acordo com os planos do IIRSA e são o IIRSA, como o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira (UHE Jirau e UHE Santo Antônio), a Usina Hidrelétrica de Bello Monte, a rodovia Transoceânica, entre outros mega projetos estruturais. Diga-se de passagem, que o PAC – Plano de Aceleração do Crescimento, atua como um braço dos projetos da iniciativa. Publicamente, pelos meios de comunicação e pelos órgãos do governo, estes projetos geralmente não são associados ao IIRSA, não gerando um conhecimento público deste programa. Isto ressalta outra característica fundamental do Plano, que é o de nunca haver sido discutido em instâncias públicas.

Cabe-se dizer, que os projetos afetarão populações inteiras, muitas indígenas e ribeirinhas. No Brasil, o IIRSA já está presente no debate do Legislativo. Como exemplo, já está sendo discutido no Congresso, o novo Estatuto do Índio e um dos pontos centrais é o que tange à extração de minérios em Terras Indígenas. No Brasil, além dos Territórios Indígenas, ambientalmente os projetos afetarão 137 Unidades de Conservação.

Todo este cenário de aceleração da economia regional é um prato cheio para as burguesias nacionais se enriquecerem. No caso das empresas brasileiras destacam-se a Odebrecht, a Furnas e a Camargo Correia, que embora nacionais atuam também em outros países de economia menos desenvolvida do continente, como a Bolívia. Sobre a Bolívia, dentre os Estados signatários do IIRSA, é o que possui o maior número de projetos.

Pensando nas repercussões diretas do IIRSA sobre a população e também nos impactos de um aceleramento da economia, as conseqüências já podem ser vistas. No novo modelo agrário, em busca de um total aproveitamento produtivo, a chamada agroindústria, expulsa os agricultores do campo, transformando-os em novos operários ou simplesmente desempregados. O latifundiário se articula diretamente com o capital industrial e financeiro, sendo que o Estado media esta relação.

O crescimento econômico propicia certa distribuição de renda (que não condiz com o real potencial econômico), que satisfaz as classes populares, na medida em que projetos sociais de cunho estritamente assistencialista são assumidos pelos governos. Neste contexto, os governos ditos de “esquerda”, tomam uma posição estratégica no Plano IIRSA, pois com estas políticas assistencialistas, esvaziam diretamente os movimentos sociais, os quais possivelmente seriam uma resistência neste panorama. Os que resistem sofrem com a intensiva criminalização dos movimentos sociais.

O surgimento do IIRSA converge com o contexto de implantação da ALCA – Área de Livre Comércio entre as Américas. A dificuldade de estabelecer um plano como a ALCA que suprimisse as barreiras alfandegárias em países com baixo desenvolvimento industrial gerou uma necessidade de desenvolvimento da infra-estrutura das Américas, que deu origem na América do Sul ao IIRSA e na América Central e México ao Plan Puebla Panamá.

O ELAOPA discutiu estas questões e principalmente se pensou em como articular as informações sobre o IIRSA com as práticas de base. Neste sentido, dois encaminhamentos básicos do evento, tiveram destaque: a construção de um banco de dados sobre o IIRSA e a produção de uma cartilha a ser trabalhada na base dos movimentos populares.


Todo este contexto, onde um plano de integração regional modifica essencialmente as relações sociais de diversas sociedades em questão, em um enorme continente com alto potencial de bens naturais, está ligado ao modelo de desenvolvimento assumido pelos Estados. Já não importa haver governos de Direita ou Esquerda, os movimentos populares já entenderam que não é votando que se transformará a lógica produtiva, onde o capital se sobrepõe à vida, mas resistindo e construindo uma nova sociedade.

Em se tratando do TerrAL, o mecanismo audiovisual pode ser um importante agente para mapear os impactos desta iniciativa no nosso continente.

lunes, 24 de enero de 2011

martes, 18 de enero de 2011

Otro pueblo libre de minería contaminante

Por Darío Aranda - Monday, Jan. 17, 2011 at 2:30 PM

EL MUNICIPIO DE ABRA PAMPA, EN JUJUY, PROHIBIO LA ACTIVIDAD EXTRACTIVA A CIELO ABIERTO

La medida, aprobada por el Concejo Deliberante, había sido vetada por el intendente. Pero después de una movilización de organizaciones aborígenes y ambientales la aprobó.

Otro pueblo libre de...

La minería a cielo abierto, con grandes consumos de agua y uso de sustancias tóxicas, tuvo un freno en el norte del país: el municipio jujeño de Abra Pampa prohibió la actividad extractiva. Impulsado por el Consejo Departamental de Comunidades Kolla, que nuclea a 40 comunidades indígenas, el Concejo Deliberante había aprobado una ordenanza en noviembre pasado, pero el intendente Ariel Machaca vetó la norma. El jueves último, luego de la movilización de pueblos originarios y organizaciones ambientales, el intendente dio marcha atrás y puso en vigencia la ordenanza. Abra Pampa en un caso testigo de la minería: un estudio de la Universidad Nacional de Jujuy reveló en 2007 que el 81 por ciento de los niños tiene plomo en la sangre como consecuencia de la actividad metalífera.

“Prohíbase la radicación, instalación o funcionamiento de exploraciones mineras metalíferas a cielo abierto y/o las explotaciones mineras que utilicen sustancias químicas como cianuro, mercurio, ácido sulfúrico y otras sustancias tóxicas similares en sus procesos de cateo, prospección, exploración, explotación y/o industrialización”, establece el primer artículo de la ordenanza número 51-CD-010. El artículo dos prohíbe el ingreso, tráfico, uso, almacenamiento, comercialización, producción y transporte de sustancias tóxicas usadas en minería.

El proyecto de ordenanza había sido consensuado por las comunidades indígenas en julio de 2010. En agosto fue presentado en el Concejo Deliberante y el 30 de noviembre aprobado por unanimidad. Entre los numerosos argumentos legales citados sobresalen la Ley General del Ambiente (25.675), en particular el principio precautorio: “Cuando haya peligro de daño grave e irreversible, la ausencia de información y certeza científica no deberá utilizarse como razón para postergar la adopción de medidas eficaces para impedir la degradación del ambiente”.

También cita el artículo 41 de la Constitución nacional (hace referencia al derecho de un ambiente sano de los habitantes y las generaciones futuras, por sobre las actividades productivas) y el artículo 22 de la Constitución de Jujuy: “Todos los habitantes de la provincia tienen el derecho a gozar de un ambiente sano y ecológicamente equilibrado, así como el deber de defenderlo”. En las cinco carillas se dejó constancia de los enormes consumos de agua (en una zona donde es un bien muy escaso) y se explicó que es una actividad que atenta contra la forma de vida indígena y campesina.

El 20 de diciembre, el intendente Machaca vetó la ordenanza. El principal argumento fue que el cuidado del ambiente corresponde a la provincia. Las comunidades indígenas llamaron a una nueva votación el jueves último, con el apoyo de los concejales. A minutos de comenzar la sesión fueron informados de que había sido suspendida. Allí decidieron marchar dos cuadras hasta la Intendencia.

Luego de seis horas de debates en el patio de la Municipalidad, el intendente dio marcha atrás con el decreto y promulgó la ordenanza que prohíbe la minería a cielo abierto. “Hay prueba de sobra de que la minería no trae ni trabajo ni mejoras económicas, y sí trae contaminación. Abra Pampa es una prueba irrefutable de todo eso”, explicó el presidente del Consejo de Comunidades Kolla, José Sajama.

Medios de comunicación de la provincia informaron que Machaca había denunciado a los manifestantes en la comisaría local, donde habría indicado que actuó bajo presión. El secretario de Gobierno de Abra Pampa y mano derecha de Machaca, Francisco Mamani, no confirmó ni desmintió el hecho. Explicó que “el único que hablará del tema es el intendente” y se comprometió a gestionar un contacto telefónico, que nunca se concretó.

Cuando Página/12 llamó a la intendencia, sus colaboradores explicaron que Machaca había viajado de urgencia a la capital provincial para reunirse con el gobernador Javier Barrionuevo, quien es un férreo impulsor de la minería a cielo abierto. Jujuy cuenta con dos grandes yacimientos en plena explotación, El Aguilar y Pirquitas, ambos denunciados por contaminación. En la zona de la Puna y la Quebrada se multiplicaron los proyectos de empresas extranjeras que pretenden extraer uranio y litio.

Abra Pampa es una localidad de trece mil habitantes en el norte provincial, a 3500 metros sobre el nivel del mar. Allí funcionó durante tres décadas la fundidora de plomo Metal Huasi, que cerró en la década del ’80. Al retirarse dejó en pleno casco urbano quince mil toneladas de residuos, un “cerro de plomo”, como lo llaman en el lugar. Las organizaciones sociales y comunidades indígenas de la zona siempre denunciaron la contaminación, pero nunca tuvieron respuesta.

En 2007, el Grupo de Investigación de Química Aplicada (INQA) de la Universidad de Jujuy demostró que el 81 por ciento de la población infantil analizada contenía valores de plomo en cantidades perjudiciales para la salud. A fines del mismo año, el Ministerio de Salud de Jujuy admitió que al menos el diez por ciento de la población adulta tenía “niveles críticos” de plomo en sangre. Entre otros males, el plomo produce retraso en la pubertad, alteraciones de la visión, problemas de aprendizaje y daños a la función motora.

La Clínica de Derechos Humanos de la Universidad de Texas investigó la situación de la localidad jujeña en 2009. “La negligencia gubernamental resultó en violaciones a los derechos humanos”, es una de las afirmaciones del informe “Abra Pampa. Pueblo contaminado, pueblo olvidado”, donde la universidad estadounidense alerta sobre fallas en los organismos de control y denuncia que los intentos de remediación continúan siendo ineficientes.

Con la entrada en vigencia de la ordenanza, Abra Pampa se sumó a las localidades jujeñas de Tilcara, Cangrejillos y Huacalera, que ya tienen normas que prohíben la actividad. En Argentina existen siete provincias que limitan diversos aspectos de la minería metalífera a cielo abierto: Chubut, Río Negro, Tucumán, Mendoza, La Pampa, San Luis y Córdoba, aunque el lobby minero intenta modificar o derogar las leyes en Mendoza, Córdoba y Chubut. En el Congreso nacional esperan tres proyectos de ley para prohibir la minería a cielo abierto en toda la Argentina.

fonte: http://www.pagina12.com.ar/diario/sociedad/3-160565-2011-01-16.html

viernes, 14 de enero de 2011

martes, 11 de enero de 2011

documentario sem dinheiro?

documentario de baixo custo from TerrAL - proj. doc on Vimeo.

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dinheiro, pra que dinheiro?

ser TerrAL

é abrir os olhos em direçao ao que normalmente nao se mira,
é abrir os ouvidos e escutar... escutar com muita paciência o que cada pessoa local tem a dizer...
é abrir os poros de toda a pele. deixar entrar a poeira, a agua, o sal, a pedra...
é abrir-se em direçao ao fogo que arde nas entranhas desta "tierra sin males" (Abya Yala que hoy tantos males tiene)...
ser TerrAL é abrir-se, e fazer tudo isso ao caminhar um caminho que ja tantas pegadas tem, rastrea-las, mapea-las... fazer que que estas huellas sejam ouvidas, reconhecidas, valorizadas!
ser TerrAL é mudar-se...

domingo, 9 de enero de 2011

Essência TerrAL

Tudo daqui para frente será atrativo, as paisagens, os encontros, as mulheres.
Ao escolhermos fazer parte do TerrAL, optamos não apenas em mochilar pela latinoamerica,
mas nos comprometemos em fazer uma investigação,
buscar por descortinar a realidade aparente, decifrar o concreto,
buscar pela poeira escondida em baixo do tapete,
contestar a desigualdade normalizada.
Ao elegermos o TerrAL como nosso projeto de vida, por 2,3,6 meses com dedicaçao exclusiva,
nossas identidades individuais estao mescladas na identidade coletiva construída na 1ª etapa do projeto.
Nosso cartão de visitas agora é TerrAL.
TerrAL nos acompanhará por muito tempo, seja com toda sua produção, seja pelas suas lembraças, sejo nos aprendizados tidos.
Ao estar no TerrAL fizemos escolhas, e escolhas representam optar por certos caminhos.
Ser um investigador brasileiro, percorrendo distintos territórios na busca em desvendar a realidade latinoamericana, suas contradiçoes,
entender seus caminhos percorridos, as escolhas locais, as pressoes globais,
narrar as esperanças, os sonhos e aquilo que nos une - que todos possam viver bem e integrados na natureza.
Ser TerrAL não é ser turista,
não é ser artista de rua,
não é ser artesão,
não é ser um acadêmico.
Ou melhor é ser tudo isso!
Buscar a medida certa de todas as partes,
potencializar cada momento rumo ao nosso objetivo - produzir um documentário sobre as territorialidades na América Latina.
Seja na ida a Peña, seja na ida a feira,
seja no mercado, ou na trilha da montanha.
Já não somos apenas nove, ja estamos tecendo uma rede,
somos fios de uma extensa rede de movimentos sociais (socioambientais) territoriais e planetários.
E por tudo aquilo que o TerrAL é e pode ser,
é o nosso comprometimento de estar agindo\sendo integrado com o projeto.
Em cada olhar o alimento para a criatividade.
Que façamos poemas! Cançoes! Espetáculos! Artesanatos! com essência TerrAL!
Rumo as veias abertas da América Latina!

Eduardo Cordeiro
Tilcara, 06/01/11 04h50

lunes, 3 de enero de 2011

Hidrelétricas no rio Madeira



Sob o slogan nacionalista “Integrar para não entregar”, o regime militar brasileiro iniciou na década de 1970 uma corrida para acelerar o crescimento econômico do Brasil e colonizar as terras amazônicas. A partir de então o governo incentivou a ocupação da região por colônias de agricultores do sul e nordeste do País, abrindo estradas, construindo barragens, incentivando a agricultura e a pecuária, desalojando as populações indígenas e comunidades tradicionais, ignorando o ritmo da floresta.

Ao longo dos anos, os grandes projetos de infraestrutura na Amazônia, principalmente as rodovias e as hidrelétricas, têm sido motivo de grandes polêmicas. Além dos impactos negativos sobre comunidades tradicionais e indígenas (conflitos de terra, deslocamentos forçados, expulsões etc.), tem havido problemas crônicos com a legislação ambiental e uso dos recursos públicos.

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Acampamento de obras das hidrelétricas do Rio Madeira - Wilson Dias O rio Madeira é o segundo maior rio da Amazônia. Sua bacia abrange uma área de 1,5 milhões de km divididos entre os territórios do Peru, da Bolívia e do Brasil. É formada pelos rios Guaporé, Mamoré e Beni, originários dos planaltos andinos.

Principal afluente do rio Amazonas, o Madeira tem 1.700 quilômetros de extensão, vazão média de 23 mil m /s e chega e medir 1,5 km de largura. Responde por cerca de 15% do volume de água e 50% de todo o sedimento transportado pelo Amazonas para o oceano. Esta enorme carga de sedimentos regula toda a dinâmica biológica das grandes áreas alagadas de várzea ao longo dos rios Madeira e Amazonas.

As ameaças

O rio Madeira está ameaçado por grandes projetos de infra-estrutura relacionados ao Complexo Hidroelétrico e Hidroviário do Rio Madeira, projeto âncora da Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Sul-americana (IIRSA) e que também estão previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo Governo Federal brasileiro em 2007. Este complexo inclui a construção, na Amazônia Brasileira, das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que juntas somariam 6.450 MW de potência instalada; de uma terceira hidrelétrica no trecho entre Abunã, no Brasil, e Guayaramerín, na Bolívia; e provavelmente, de uma quarta hidrelétrica na Cachoeira Esperanza, localizada no rio Beni, 30 km acima da sua confluência com o rio Mamoré, no estado de Pando, na Bolívia.

A conclusão deste complexo de barramentos, com eclusas, viabilizaria a operação de uma hidrovia industrial para a navegação de barcaças, com extensão de 4.200 km, permitindo o escoamento de mercadorias, como soja, madeira e minerais, para fora da região amazônica, a partir dos portos do Atlântico e do Pacífico. Outros projetos de infra-estrutura de transporte planejados para a região e relacionados com a proposta logística da hidrovia, incluem a pavimentação da Rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), no Brasil; do Corredor Norte, na Bolívia; e da Rodovia Interoceânica, no Brasil e Peru.

Além do previsível avanço do desmatamento que pode comprometer uma ecoregião identificada como um centro de diversidade e endemismo de espécies de plantas, estão em jogo também: a extinção e redução da diversidade de peixes, em uma área considerada como hotspot de ictiofauna; a acumulação de sedimentos e de mercúrio em níveis tóxicos nos reservatórios das barragens; e os impactos sobre as populações ribeirinhas, indígenas e urbanas.

A perspectiva de construção dos megaprojetos no rio Madeira já desencadeou graves conflitos políticos entre o Brasil e a Bolívia, críticas dos movimentos e organizações da sociedade civil dos dois paises sobre a condução do processo de licenciamento ambiental pelo governo brasileiro, e a revelação do envolvimento de empresas acusadas de corrupção.

A construção do chamado complexo hidrelétrico do rio Madeira, projetado pelo consórcio formado entre a empresa estatal Furnas e a construtora Odebrecht, está orçada em 25 bilhões de reais (cerca de 12,5 bilhões de dólares) . O projeto em si considera apenas as hidrelétricas de Santo Antônio, com localização a 5 km rio acima do centro de Porto Velho, a capital de Rondônia, com mais de 270 mil habitantes na área urbana, e a de Jirau, 136 km rio acima, juntas, com previsão de inundação de uma área de 529 km . Estes custos estimados podem ultrapassar os 40 bilhões de reais considerando as obras complementares.

Porém, da mesma forma que as estimativas de custos, o processo de licenciamento, a cargo do Ibama no Brasil, não considerou os impactos cumulativos das obras relacionadas, como a implantação da hidrovia, a pavimentação da malha rodoviária de conexão, e nem mesmo a construção de uma linha de transmissão de energia elétrica de 2.450 km, estimada em 10 bilhões de reais, necessária à distribuição da energia a ser gerada pelas usinas para as regiões mais densamente populosas do Brasil.

Fonte: www.riosvivos.org.br