lunes, 4 de abril de 2011

colonialidades: crônica sobre medidas assimétricas

Estar em um aeroporto internacional, em uma das cidades mais fascista da Bolívia (Santa Cruz de la Sierra), é uma experiência etnografica única!

Depois de passar pela interpol, pelo controle anti-drogas (onde me incharan las pelotas por causa de meia libra de coca) e por lojas onde tudo custa US$, sento-me na sala para "fumadores" e começo a escutar a conversa entre um velho careca dinamarques e um não tão velho, mas cabeludo, espanhol.



Ambos são business-man: o careca trabalha com plantio, processamento e importação (ou seria exportação?) de soja não-transgênica; o cabeludo com corte, processamento, im(ou ex?)portação e construção de casas de madeira... mas uma coisa tem em comum para começar a conversa: odeiam viver em La Paz! Sempre que possível fogem desta cidade andina "sucia y pobre", onde não encontram "buena comida o cualquier servicio".

Fumam como loucos seus malboros e vão contando sobre seus trabalhos... inclusive medem os salários que pagam para seus funcionários sudamericanos: a espanha paga 1200 bolivianos por mes (e chega a afirmar que paga mais que o salario medio local); a dinamarca paga 90 US$ para os seus (e afirma que pagaria ate 200 US$ mas não encontra bons trabalhadores)... O outro contesta a essa afirmação da seguinte maneira: "Acá no és europa pués!"... y se cagan de risas enquanto escrevo estas linhas.

Logo de acender outro cigarro que custa mais que a alimentação diária total de um niño boliviano, o careca diz: "En dinamarca nadie trabaja por minos de 3.000 euros. Estamos botando nuestros trabajadores en la calle!"

"Claro", contesta o cabeludo, "nosostros también! Importamos todo ahora de sudamerica. Todo acá es mas barato... pero están percibindo eso y están empezando a subir todos los precios!"

Sim! os preços aqui estão subindo vertinosamente. A libra da quinua que se comprava por 3 bolivianos a 3 anos atrás, considerada como "comida de indio", agora é exportada para EUA e Europa como o "cereal mais completo". Já não se encontra facilmente nas feiras de El Alto... e quando se encontra o preço já é o dobro!

Os "gringos" (carecas ou cabeludos) continuam chegando, os preços sobem... e o salário local segue estancado! A séculos, as medidas globais, devido a colonialidade, continuam assimétricas!

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